Abracei a carreira de secretária por mero acaso. Em 1991, enquanto aguardava resultados de notas do ano letivo e da Prova Geral de Acesso para a Faculdade, fui convidada a substituir uma funcionária durante três meses no IAPMEI, atualmente designado por Agência para a Inovação e Competitividade. Posso dizer-vos que foi amor à primeira vista. Assim que contactei com a atividade, vi que poderia ter um futuro aliciante e que isso também dependia de mim.
Passados os três meses, não fui dispensada. Quando a funcionária regressou, fui convidada a secretariar uma recém-empossada Diretora, noutra área; e passados mais três meses, fui convidada a ingressar no Quadro de Pessoal do Instituto. A partir daí foi um passo até chegar ao Conselho de Administração. Se posso agradecer ao destino ter-me colocado no caminho as pessoas certas, também posso e devo partilhar convosco a minha conduta, que, sem dúvida, teve o maior peso nos acontecimentos. E assim, ao fim de cinco anos, surgiu mais um convite fascinante: secretariar um membro do Governo.
Não olhei para trás e, com 26 anos, atirei-me de cabeça para o grande desafio e responsabilidade da minha vida. Posso dizer-vos que, durante 17 anos, me dediquei de alma e coração ao desempenho das funções que me foram confiadas, do qual só consigo recordar, não as longas horas de trabalho, não a pressão sentida em diferentes momentos, mas sim o enorme orgulho que foi participar no serviço à causa pública.
Desde cedo, no exercício das minhas funções, compreendi que, para sermos bem-sucedidos, em qualquer trabalho, temos de ter presente uma conduta correta para com quem nos relacionamos e, assim, interiorizei o que eu chamo “os meus três mandamentos”.
1.º Mandamento – Lealdade. Sabermos transmitir a nossa lealdade é primordial. A relação entre a chefia e o assistente tem de assentar num princípio de confiança. Por vezes temos que pôr de lado as nossas convicções pessoais e acatar ordens diferentes da nossa ideologia; mas, se estamos a desempenhar determinadas funções, acima de tudo está o cumprirmos com as nossas obrigações, de forma a transmitir que somos confiáveis e responsáveis.
2.º Mandamento – Respeito. Termos sempre presente que todos os indivíduos são merecedores do nosso respeito e consideração. Desde o Presidente, ou quem ocupa o cargo mais elevado na hierarquia, ao Porteiro que nos abre a porta ou à Profissional de Limpeza, todos são importantes, todos fazemos parte de uma engrenagem – sem o bom desempenho de uns não pode haver bom desempenho de outros. Se interiorizarmos que um dia podemos estar num lugar de relevo e amanhã talvez não, se refletirmos que a forma como tratamos os outros hoje é a forma como seremos tratados amanhã, quando nos encontrarmos numa situação menos privilegiada, podemos poupar-nos a bastantes agruras.
3.º Mandamento – Brio Profissional. Desafiarmo-nos a nós próprios constantemente impõe-se! Num mercado de trabalho de competição acérrima é imperativo pormos os neurónios a funcionar. Executar as tarefas confiadas com o maior empenho e dedicação, com a maior atenção e brio a todos os níveis, até mesmo no que respeita à apresentação, é indispensável. Só assim transmitimos que somos uma peça importante, pois há que ter em conta que ninguém é indispensável (mas uns são mais dispensáveis do que outros) e existem imensos bons profissionais à espera para nos substituir.
Para terminar, deixo-vos um conselho: respirar fundo, não desesperar diante de nada, pois para tudo há solução. Se conseguirem passar à chefia que estão em controlo da situação e que conseguem agir com a cabeça em vez de com a emoção nos momentos de pressão, essa atitude vai angariar-vos a sua confiança e consideração e, a vós, vai deixar-vos o gosto da vitória, de que são capazes de se suplantarem, que conseguem chegar mais além. E, aí, o Céu é o Limite!
Felicidades a todos e muitos sucessos profissionais!
Gabriela Fino
Secretária
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