A inteligência emocional refere-se, por um lado, à capacidade para reconhecer e compreender as nossas próprias emoções ou as emoções de outros e, por outro lado, à capacidade de usarmos esta consciência emocional na gestão dos nossos comportamentos e das relações interpessoais. Afeta a forma como gerimos os comportamentos, exploramos as complexidades sociais e tomamos decisões adequadas e eficientes. Por esta razão, pode ser uma ferramenta importante para o sucesso pessoal, social e profissional.
Todos enfrentamos o desafio diário de lidar de forma eficiente com as emoções. Os estímulos captados pelos órgãos dos sentidos (o que vemos, cheiramos, tocamos/sentimos, ouvimos, saboreamos) são transformados em sinais elétricos que vão ser posteriormente interpretados pelo cérebro. Neste processo, os sinais passam pelas áreas cerebrais responsáveis pela produção das emoções, antes de passarem para as áreas responsáveis pelo pensamento racional. O que isto quer dizer na prática é que experienciamos emocionalmente os estímulos ambientais antes mesmo de os experienciarmos racionalmente. Assim sendo, a forma como interpretamos racionalmente um evento é influenciada pelo nosso estado emocional – o mesmo estímulo ambiental pode ser interpretado de forma diferente de acordo com o nosso humor – e é por essa razão que, por exemplo, uma chamada de atenção do nosso superior hierárquico pode causar uma reação muito negativa num dia e noutro pode ser relativizada e interpretada como construtiva.
Temos reações emocionais todos os dias e, muitas (talvez demasiadas) vezes, não temos competências para gerir as nossas emoções no calor dos problemas desafiantes que enfrentamos. Na realidade, não temos qualquer controlo sobre as emoções que nos suscitam os acontecimentos de vida diários, mas podemos ter controlo sobre os comportamentos que se seguem a essas emoções.
Mas uma questão fundamental é: será que podemos melhorar a nossa inteligência emocional ou é algo biologicamente determinado e nada podemos fazer para a alterar? A boa notícia é que todos temos potencial para melhorar a nossa inteligência emocional, no sentido de a usarmos a favor do nosso sucesso em contextos diversos. A má notícia é que para isso temos que treinar, o que requer um esforço pessoal. Pense na inteligência emocional como um músculo, qualquer músculo do seu corpo: se o treinar ele irá desenvolver-se e ficar mais forte, se não o fizer certamente não se desenvolverá. Como em qualquer outra coisa na vida que queira alcançar terá que se esforçar; se está à espera que lhe caia no colo, então o melhor será sentar-se e parar de ler, pois o que se segue não lhe interessará.
Os leitores que estejam decididos a dar o benefício da dúvida, poderão explorar três estratégias que selecionei para este artigo, dentro de um vasto leque de opções possíveis. O critério de seleção foi aquelas com que mais me identifico e que mais utilizo no meu dia a dia em diversas situações, principalmente nas mais problemáticas. São formas práticas de melhorar a inteligência emocional e que nos últimos anos me têm ajudado a lidar com as mais diversas situações quer do foro pessoal e social, quer do foro profissional. No meu ponto de vista, estas estratégias têm um potencial imenso e mudaram a forma como perspetivo a minha vida, o meu trabalho e o meu mundo em geral e, por consequência, mudaram a forma como faço a gestão das relações interpessoais.
Uma das minhas estratégias de eleição ao nível da autogestão das emoções (capacidade para estar consciente das emoções pessoais e para decidir o que fazer com essa emoção) consiste em fazer uma lista “pensamentos emocionais” vs “pensamentos racionais” – esta lista é especialmente relevante quando pretendemos clarificar o que é que o nosso lado emocional nos diz para fazer e o que é que o nosso lado racional nos diz para fazer. Desta forma podemos ficar com uma ideia apurada sobre até que ponto o nosso lado emocional não estará a atrapalhar o lado racional e vice-versa.
Em situações inesperadas, que nos originam um turbilhão de pensamentos difíceis de gerir, então uma boa estratégia, do meu ponto de vista, será deixar passar algum tempo para clarificar os pensamentos e para ganhar novas perspetivas acerca do assunto. Não agir de “coração quente” pode ser fundamental para nos protegermos a nós próprios e às pessoas com que nos relacionamos. Quantos de nós não se arrependeram já de atos que cometeram no calor de momentos emocionalmente intensos?
Por último, a minha estratégia predileta consiste em ganhar novas perspetivas acerca do meu problema através da captação da opinião de outras pessoas que não estão emocionalmente envolvidas no problema em questão e, de preferência, que sejam diferentes de mim em vários aspetos ou que tenham perspetivas de vida diferentes da minha. Quando conversamos com alguém acerca do nosso problema podemos ganhar um “olhar de fora”, um novo ponto de vista que pode nunca nos ter ocorrido até ao momento em que alguém partilha a sua visão connosco. Nesse momento, abrem-se novas possibilidades que poderão ser úteis na resolução do problema.
Essencialmente estas estratégias requerem autocontrolo, o seu tempo e também o sentido estratégico para apurar o timing perfeito de ação.
Bom treino!
Raquel Costa
Docente das UC de Psicologia e Metodologia das Ciências Sociais
Todos enfrentamos o desafio diário de lidar de forma eficiente com as emoções. Os estímulos captados pelos órgãos dos sentidos (o que vemos, cheiramos, tocamos/sentimos, ouvimos, saboreamos) são transformados em sinais elétricos que vão ser posteriormente interpretados pelo cérebro. Neste processo, os sinais passam pelas áreas cerebrais responsáveis pela produção das emoções, antes de passarem para as áreas responsáveis pelo pensamento racional. O que isto quer dizer na prática é que experienciamos emocionalmente os estímulos ambientais antes mesmo de os experienciarmos racionalmente. Assim sendo, a forma como interpretamos racionalmente um evento é influenciada pelo nosso estado emocional – o mesmo estímulo ambiental pode ser interpretado de forma diferente de acordo com o nosso humor – e é por essa razão que, por exemplo, uma chamada de atenção do nosso superior hierárquico pode causar uma reação muito negativa num dia e noutro pode ser relativizada e interpretada como construtiva.
Temos reações emocionais todos os dias e, muitas (talvez demasiadas) vezes, não temos competências para gerir as nossas emoções no calor dos problemas desafiantes que enfrentamos. Na realidade, não temos qualquer controlo sobre as emoções que nos suscitam os acontecimentos de vida diários, mas podemos ter controlo sobre os comportamentos que se seguem a essas emoções.
Mas uma questão fundamental é: será que podemos melhorar a nossa inteligência emocional ou é algo biologicamente determinado e nada podemos fazer para a alterar? A boa notícia é que todos temos potencial para melhorar a nossa inteligência emocional, no sentido de a usarmos a favor do nosso sucesso em contextos diversos. A má notícia é que para isso temos que treinar, o que requer um esforço pessoal. Pense na inteligência emocional como um músculo, qualquer músculo do seu corpo: se o treinar ele irá desenvolver-se e ficar mais forte, se não o fizer certamente não se desenvolverá. Como em qualquer outra coisa na vida que queira alcançar terá que se esforçar; se está à espera que lhe caia no colo, então o melhor será sentar-se e parar de ler, pois o que se segue não lhe interessará.
Os leitores que estejam decididos a dar o benefício da dúvida, poderão explorar três estratégias que selecionei para este artigo, dentro de um vasto leque de opções possíveis. O critério de seleção foi aquelas com que mais me identifico e que mais utilizo no meu dia a dia em diversas situações, principalmente nas mais problemáticas. São formas práticas de melhorar a inteligência emocional e que nos últimos anos me têm ajudado a lidar com as mais diversas situações quer do foro pessoal e social, quer do foro profissional. No meu ponto de vista, estas estratégias têm um potencial imenso e mudaram a forma como perspetivo a minha vida, o meu trabalho e o meu mundo em geral e, por consequência, mudaram a forma como faço a gestão das relações interpessoais.
Uma das minhas estratégias de eleição ao nível da autogestão das emoções (capacidade para estar consciente das emoções pessoais e para decidir o que fazer com essa emoção) consiste em fazer uma lista “pensamentos emocionais” vs “pensamentos racionais” – esta lista é especialmente relevante quando pretendemos clarificar o que é que o nosso lado emocional nos diz para fazer e o que é que o nosso lado racional nos diz para fazer. Desta forma podemos ficar com uma ideia apurada sobre até que ponto o nosso lado emocional não estará a atrapalhar o lado racional e vice-versa.
Em situações inesperadas, que nos originam um turbilhão de pensamentos difíceis de gerir, então uma boa estratégia, do meu ponto de vista, será deixar passar algum tempo para clarificar os pensamentos e para ganhar novas perspetivas acerca do assunto. Não agir de “coração quente” pode ser fundamental para nos protegermos a nós próprios e às pessoas com que nos relacionamos. Quantos de nós não se arrependeram já de atos que cometeram no calor de momentos emocionalmente intensos?
Por último, a minha estratégia predileta consiste em ganhar novas perspetivas acerca do meu problema através da captação da opinião de outras pessoas que não estão emocionalmente envolvidas no problema em questão e, de preferência, que sejam diferentes de mim em vários aspetos ou que tenham perspetivas de vida diferentes da minha. Quando conversamos com alguém acerca do nosso problema podemos ganhar um “olhar de fora”, um novo ponto de vista que pode nunca nos ter ocorrido até ao momento em que alguém partilha a sua visão connosco. Nesse momento, abrem-se novas possibilidades que poderão ser úteis na resolução do problema.
Essencialmente estas estratégias requerem autocontrolo, o seu tempo e também o sentido estratégico para apurar o timing perfeito de ação.
Bom treino!
Raquel Costa
Docente das UC de Psicologia e Metodologia das Ciências Sociais
Excelente artigo
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