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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

À conversa com...Maria Bernadete Lieuthier, Presidente da Federação Nacional das Secretárias e Secretários – FENASSEC (Brasil).

Maria Bernadete Lieuthier é Especialista em Secretariado Executivo pela ESUR, bacharel em Letras - Habilitação em Português e Inglês pela UNICAP e graduada em Direito pela AESO. É Presidente da Federação Nacional das Secretárias e Secretários (FENASSEC) desde 2010 e do Conselho Editorial da Revista Excelência, bem como, desde 2012, Diretora de Assuntos Internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC).

Maria João Borges (MJB): segundo um artigo publicado na revista Veja em 03/07/2013, foi identificado que, no âmbito do trabalho do estudo Radar – Tecnologia, Produção e Comércio Exterior, o Secretariado Executivo ocupa o 4.º lugar nas dez carreiras de nível superior com maior expansão de vagas no Brasil (2009-12). É essa a perceção da FENASSEC?

Maria Bernadete Lieuthier (MBL): Sim. O competitivo mundo dos negócios tem gerado mudanças significativas nas profissões, exigindo, cada vez mais dos profissionais, competências, comprometimento, profissionalismo, capacidade de agregar valor, de fazer com que as coisas ganhem qualidade com a sua participação. E a profissão de Secretariado no Brasil, com mais de 28 anos de regulamentação, vem, ao longo desses anos, conquistando mercados, ganhando prestígio e respeito devido aos conhecimentos adquiridos durante sua formação. As suas funções foram transformadas e ampliadas exigindo-se novas posturas na atuação desse profissional: espírito de liderança e atuação gerencial; foco em resultados, sem perder de vista a qualidade dos processos; ética e discrição para tratamento dos assuntos confidenciais; habilidade de relacionamento para tratamento com pessoas em todos os níveis; habilidade de planejamento e organização, associada à gestão adequada do tempo, para atingir suas metas dentro de prazo e qualidade solicitados; pensamento estratégico, alinhado aos negócios da empresa, além do domínio das técnicas secretariais, faz com que o Secretariado Executivo esteja sempre em expansão.

MJB: Quantos associados tem a FENASSEC atualmente?

MBL: Dentro da estrutura sindical brasileira a Fenassec é uma entidade sindical de segundo grau, que representa a categoria em nível nacional e tem como associados os sindicatos representativos da categoria (técnicos em secretariado, tecnólogos em secretariado e secretários executivos). A Federação é composta de 23 sindicatos, trabalhando em conjunto dentro de uma mesma linha de ação e com os mesmos objetivos.
 
MJB: Aproximadamente, quantos cursos superiores são oferecidos no Brasil nesta área profissional e de que nível (bacharelato/licenciatura)? Há cursos a fechar apesar do aumento do número de vagas nos últimos 3 anos?

MBL: Existe cêrca de 180 cursos de bacharelado. Sim, há cursos de graduação (bacharelado) a fechar, entretanto, quando ocorre um fechamento outro curso de gradução (tecnólogo) abre e forma turmas. O curso de bacharelado tem carga horária mínima de 2.400 horas enquanto que o curso tecnológico tem carga horária de 1.600 horas (são mais rápidos).

MJB: Muitos jovens procuram formação superior nesta área? Ou preferem cursos médios/profissionais?
 
MBL: A demanda depende da região, ou seja: há procura tanto para técnicos (nível médio) quanto para executivos (nível superior), sendo que no Sul do País o nº de registros profissionais como técnicos é superior ao número de registros como executivos.

MJB: Que competências procuram os gestores brasileiros no Secretariado Executivo?

MBL: Assessoria, sempre disponibilizando informações e ações, viabilizando as tomadas de decisões;
Gestão, intermediando ações para a construção e composição de processos administrativos e relações comportamentais (micro, meso e macro-organizacionais). Empreendedorismo, assimilando a visão estratégica e maximizando recursos para que os centros decisórios atuem com eficácia nos diversos sistemas e subsistemas organizacionais. Consultoria, analisando os sistemas e subsistemas organizacionais, entendendo as inter-relações internas e externas aos ambientes organizacionais e, a partir dos dados, fatos e informações obtidas, filtrando e disponibilizando informações gerenciais para as tomadas de decisões organizacionais.

MJB: No Brasil pode um Secretário(a) Executivo(a) exercer a profissão sem carteira profissional?
 
MBL: As Leis Trabalhistas Brasileira não permitem que os profissionais atuem sem a assinatura da carteira profissional. No caso do Secretariado também é exigido, por força da Lei de Regulamentação da Profissão nº 7.377/1985, o registro profissional.

MJB: Apesar de ter começado como uma profissão exercida por homens, hoje é assegurada maioritariamente por mulheres – quantos homens exercem esta profissão no Brasil?

MBL: Acreditamos que do universo de cerca de dois milhões de profissionais de secretariado apenas 15% é do sexo masculino.

MJB: Em que mudou o exercício desta profissão no Brasil desde a publicação da Lei de Regulamentação da Profissão?

MBL: o papel do profissional secretário mudou muito. De anotação de recados, atendimento telefônico, manutenção de arquivos, datilografia entre outros, passou a assessorar executivos, ocupando posições estratégicas nas organizações. Hoje ele é um agente de resultados.

MJB: O que é o projeto do Conselho Federal de Secretariado?

MBL: O Conselho Federal de Secretariado será responsável pela normatização, regulação, fiscalização e disciplina do exercício profissional e, diferente da importante atuação sindical que representa a categoria profissional nas relações entre patrões e empregados, a atuação dos Conselhos se dá em relação ao exercício da profissão como um todo, ao estabelecer prerrogativas profissionais, fiscalizando o exercício regular da profissão e aplicar o código de ética.

Com a criação dos Conselhos de Secretariado, o profissional terá mais oportunidades no mercado de trabalho, uma vez que a confiança do setor patronal em um profissional titular dessas prerrogativas aumentará além de ser possível e efetiva fiscalização dos desvios de função, além disso, o seu exercício irregular passaria a ser ilícito.

Os Conselhos de Secretariado são viáveis e necessários como mecanismo de se assegurar o sigilo profissional e a fidelidade das informações, requisitos indispensáveis para o bom exercício profissional e para garantir à que as informações, tão valiosas atualmente, sejam confiadas a profissionais capacitados, possuidores de prerrogativas como a do sigilo profissional e que obedeçam a um código de ética sob fiscalização e poder disciplinar do Conselho Profissional.

MJB: A Universidade Europeia tem recebido vários estudantes brasileiros nos seus cursos – como deverá fazer esse estudante para ver reconhecido o seu diploma quando voltar ao Brasil? E que terão de fazer os diplomados de nacionalidade portuguesa se quiserem trabalhar no Brasil?

MBL: A própria Lei de Regulamentação da Profissão permite que o profissional diplomado no exterior por curso de Secretariado, cujo diploma seja revalidado no Brasil, na forma de Lei (o diploma seja chancelado, reconhecido por uma instituição de ensino federal) possa exercer a profissão.

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