VIHDA… Pode parecer estranho juntar estas duas “palavras” numa só… VIDA e VIH… Para a maioria parecerão contraditórias, quase opostas, mas a realidade é que atualmente já não o são! Graças aos grandes avanços da medicina, a nova medicação antirretroviral de alta eficácia (disponibilizada de forma gratuita a todas as pessoas que vivem com VIH em Portugal) permite a estas pessoas não só prolongar a vida, mas também a sua qualidade para valores equiparáveis à média global da população. De facto, atualmente quem vive com VIH tem, regra geral, um quotidiano absolutamente normal e está integrado nos vários setores da sociedade (família, trabalho, lazer, etc.) como todos nós. Apesar de haver ainda muito caminho a percorrer, estes avanços têm permitido aproximarmo-nos de uma das grandes metas estabelecidas pelas Nações Unidas… Zero mortes por Sida.
O maior problema reside nas outras duas metas estabelecidas…
Zero novas infeções... Apesar de toda a informação disponível e de (aparentemente) ser do conhecimento geral como se transmite o VIH, em média 3 a 4 pessoas infetam-se a cada dia que passa em Portugal. Poderíamos pensar: “é normal, porque são os toxicodependentes e os homossexuais que apanham o vírus”. Será mesmo? De todo! Atualmente, cerca de 60% das novas infeções são adquiridas através de relações heterossexuais (desprotegidas). E quem tem este “comportamento de risco”? Ops…praticamente todos nós!!!
Pois é! Crenças como “a mim não me acontece, isto está muito longe da minha realidade”, ou “se confio no meu parceiro(a), não preciso de usar preservativo”, ou ainda “ele/ela é bem-disposto(a), giro(a), e portanto saudável” colocam-nos vulneráveis a esta e outras infeções. Está na hora de pormos em causa as nossas crenças; de acreditar que confiar é saber que nunca vou ser questionado(a) ou rejeitado(a) por usar preservativo com o meu parceiro(a); de compreender que fazer um check-up geral ao nível das IST (infeções sexualmente transmissíveis) quando pretendo deixar de usar preservativo é uma prova de amor e de confiança no outro. Afinal, porque não seria? Você mesmo que está a ler este post, tem a certeza de que não tem VIH?
Zero casos de discriminação… Certamente sentia-se indignado se soubesse que o “Manel” foi despedido por ser seropositivo; ou que a “Maria” não pode comprar casa porque não lhe fazem um seguro de vida por ter esta infeção. Mas … e você? Comeria uma refeição confecionada por um cozinheiro com VIH? Aceitava ser operado por um cirurgião com esta infeção? Ficaria descansado(a) se uma das auxiliares da escola do seu filho, ou um dos seus coleguinhas fosse portador de VIH? Pois é… esta é a nossa vida do dia-a-dia, e são as atitudes e comportamentos que temos nestes momentos que nos definem. Se não sabe ao certo que reação teria nestas (e noutras) situações, questione-se, informe-se, aconselhe-se.
Contribua também para alcançar os 3 zeros no combate a esta infeção!
Ana Luísa Duarte - Formadora e técnica de prevenção da Associação Ser+
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