Universidade Europeia: www.europeia.pt  |  Licenciatura em Secretariado e Comunicação Empresarial: http://bit.ly/sce_ue

terça-feira, 12 de março de 2013

A Responsabilidade Social das Empresas face à situação económica atual em Portugal

 
O significado da expressão Responsabilidade Social das Empresas (RSE), segundo Freeman e Hasnaoui (2011), depende da semiótica da linguagem que varia consoante a cultura, a política, a economia e as molduras social e institucional, que podem atravessar fronteiras e criar diferentes significados em diferentes regiões de um qualquer país. De modo a clarificar conceitos, a Comissão Europeia (2011) afirma que a RSE é “a responsabilidade das empresas pelo seu impacto na sociedade”, sendo um pré-requisito dessa responsabilidade o respeito pela legislação aplicável e pelos acordos coletivos entre parceiros sociais.

Os acontecimentos que ocorreram no final de 2007 e que despoletaram a presente crise, a par do elevado endividamento do Estado Português que obrigou o Governo a recorrer à ajuda internacional, focaram o debate na ética pessoal dos decisores e nas organizações que, tendo em vista o longo prazo, tomam as melhores decisões para os interesses das suas organizações e dos seus stakeholders. Todavia, à medida que a recessão se foi aprofundando e alastrando, muitas empresas viram-se na necessidade de ir tomando, cada vez mais, decisões de curto prazo e implementando soluções drásticas, tendo em vista a sua imediata sobrevivência.

No nosso país, as empresas portuguesas que se têm conseguido manter em atividade, têm sido forçadas a reajustamentos internos, com consequente dispensa de recursos humanos, levando a taxa de desemprego no país a valores nunca imaginados (16,9% em dezembro de 2012). Esta situação tem provocado uma deterioração da confiança a longo prazo entre as empresas e os seus colaboradores, consumidores e cidadãos em geral, confiança essa que suportava um ambiente de inovação e crescimento nas empresas, como é reconhecido pela própria União Europeia.

Contudo, convém frisar que é em épocas de crise que as empresas devem procurar novas oportunidades, procurar parcerias que possam levar a economias de escala, fomentando nos seus colaboradores o empreendedorismo e a inovação. Para isso, há que manter os colaboradores motivados, procurar e reter talentos e criar uma imagem de confiança no mercado.

Essa imagem de confiança só poderá ser criada e mantida no mercado se a RSE começar dentro da empresa, dando atenção aos stakeholders, principalmente aos colaboradores e às suas necessidades, evitando uma cultura de show off ainda demasiadamente arreigada em algumas organizações. Serão, pois, os stakeholders os verdadeiros embaixadores da empresa, demonstrando os valores de solidariedade e transparência, ética e confiança, e procurando atenuar o individualismo e concorrência desenfreada até há pouco existentes.

Segundo a CSR Europe (2010), no Entreprise 2020 refere-se que os desafios económicos, sociais e ambientais da atualidade estão a provocar uma profunda alteração no mundo e que ao longo da próxima década estes desafios irão pôr em causa os nossos atuais padrões de vida, de trabalho, de aprendizagem, de comunicação, de consumo e de partilha de recursos.

Será que não é isso que já estamos a viver em Portugal?
 
Maria Augusta Teles
Docente de U.C. na área dos Recursos Humanos
 

Sem comentários:

Enviar um comentário