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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

A leitura liberta


Qual é o instrumento que serve para aprofundar o nosso autoconhecimento e o conhecimento que temos dos outros? Qual é o instrumento que serve para conhecer a nossa esfera emocional e afetiva? Para mim, esse instrumento é a leitura, ou seja, são os livros. Melhor ainda, é a capacidade de extrair ideias, através da leitura desses livros.

Fiquei apaixonada pela leitura desde tenra idade e não parei mais de devorar livros, uns atrás dos outros, porque nos livros encontrava as respostas para as minhas perguntas; mas, ainda melhor, encontrava novas perguntas para as quais eu podia dar as respostas.

Algumas das lições aprendidas através dos livros são lições das quais eu ainda me lembro e que aplico cada dia, na minha vida diária.

Um dos meus maiores "mestres" é e será sempre Luigi Pirandello. Nascido em 1867, foi um importante escritor italiano, vencedor do prémio Nobel da literatura, em 1934.

Graças aos seus livros, eu fiz-me perguntas sobre a sociedade, sobre a vida, sobre o comportamento das pessoas. Nos seus livros fala-se sobre a verdade, a mentira, a vida, a loucura… Através das suas personagens, nós não vivemos apenas a história que ele nos conta, mas vemos com olhos diferentes a realidade que nos rodeia.

Entre as suas várias teorias, há algumas que eu acho tão verdadeiras e relevantes que as tenho interiorizado. Primeiro que tudo, há a teoria das máscaras: o homem esconde-se atrás de uma "máscara" que lhe é dada pela sociedade, a partir dos valores impostos por ela e pela nossa família. Esta máscara não pode ser removida pelo homem e, por isso, o homem não pode saber a sua verdadeira essência – a sua personalidade.

Outra teoria importante, pela qual sempre estive fascinada, é a teoria das três cordas, no Berretto a sonagli: "Você deve saber que todos nós temos três cordas na cabeça. A séria, a civil, a louca. Acima de tudo, tendo de viver em sociedade, precisamos da civil, a que está aqui, no meio da cabeça. Sem ela comer-nos-íamos todos, minha senhora, um ao outro, como tantos cães raivosos. Não se pode. E o que é que eu faço, então? Dou uma pequena volta à corda civil!".

A última grande teoria é a da loucura: segundo ele, paradoxalmente, a única maneira de recuperar a identidade, a única maneira de viver livremente, de dizer o que se pensa, é só através da loucura.
Agora, felizmente, a nossa realidade mudou em relação ao que experienciou Pirandello, mas acho que ainda há muitos aspetos das suas teorias que são aplicáveis aos dias de hoje. Uma coisa é certa: tal como no seu tempo, também agora uma das maneiras de sermos mais livre é através da leitura. Ler com atenção e com paixão torna-nos mais livres, nutre o espírito e o ser humano que somos. Conforta-nos em momentos de angústia, liberta-nos de quaisquer preocupações, liberta-nos da solidão… Torna-nos mais conscientes, mais criativos, menos propensos a preconceitos e condicionamentos: assim, movendo-se no tempo e no espaço, a leitura enriquece as nossas vidas. Em suma, precisamos da leitura para viver.

Chiara Giorgio (Estudante italiana, vinda ao abrigo do Programa Erasmus)

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