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segunda-feira, 28 de julho de 2014

Estrangeirismos: comodismo ou necessidade?

Sou portuguesa e, como tal, tenho orgulho na minha língua, dando o meu melhor para lhe fazer jus. Portanto, leio em português, escrevo em português e, sempre que posso, ouço música em português. Mas a verdade é que não é fácil agarrarmo-nos somente à nossa língua.


Vivemos numa época em que o mercado laboral é extremamente exigente. Temos de possuir uma série de competências pessoais e interpessoais e, para além disso, temos de possuir outras tantas competências técnicas, que nos distingam dos demais. Entre estas últimas podemos destacar as línguas estrangeiras, das quais o inglês faz parte. No dia-a-dia, consequentemente, falamos inglês como se fosse a nossa língua materna. Falamo-lo tanto ou tão pouco que acaba por se tornar numa muleta: quando não nos recordamos de uma palavra, mesmo que exista em português – porque existe –, utilizamos uma palavra inglesa que, aparentemente, nos ajuda a transmitir a mensagem. Quando damos conta, já adotámos a dita palavra, que utilizamos como se de português se tratasse.


A verdade é que, provavelmente, não há necessidade de utilizar palavras estrangeiras no lugar das portuguesas – que são tantas –, mas a preguiça apodera-se de nós e começamos a mudar o português, em vez de nos ficarmos apenas por utilizar o inglês. Aí, começamos a “checar” ou a “ticar” as listas de tarefas; a “scanear” documentos; a dar algum “input” sobre um tema “stressante”, cujo “deadline” se aproxima. Se trabalharmos numa multinacional ou numa organização fortemente relacionada com parceiros internacionais, estas palavras - que já utilizamos diariamente - são adicionadas de tantas outras, por força da circunstância (e da tecnologia), como “downsizing”, “brainstorming”, “benchmarking”, “empowerment”, “email” ou “site”.

Pessoalmente, não sei se isto é a língua portuguesa a evoluir ou se somos nós, portugueses, a regredir. Não sei se é a força do hábito que nos faz usar vocábulos estrangeiros, mas a verdade é que “a preguiça é a mãe de todos os [maus] vícios”. Se não queremos perder o que faz de nós portugueses, temos de pensar: isto será mesmo necessário ou somos apenas nós, comodistas, que o queremos?

Andreia Gonçalves (Finalista)


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