A Mestre Maria do Rosário Braga da Cruz trabalha no ISLA Campus Lisboa há 32 anos. A sua carreira profissional foi praticamente desenvolvida nesta organização.
Tem o Curso Superior de Secretariado do ISLA. É licenciada em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras de Lisboa. Em 1997, completou o Mestrado em Estudos Anglo-Portugueses pela Universidade Nova de Lisboa.
É uma das pessoas mais respeitadas pelo Staff e pelo Faculty Staff. É a figura que defende e representa os estudantes junto da Direção e da Direção Académica.
Susana de Salazar Casanova: A sua carreira profissional tem sido desenvolvida no ISLA Campus Lisboa | Laureate International Universities. Foi Adjunta da Direção, Coordenadora da licenciatura em Secretariado a par de Coordenadora do Programa Erasmus. Como resume estes 32 anos de carreira?
MRBC: Foram anos muito enriquecedores. Os diversos cargos e responsabilidades que fui assumindo ao longo destas três décadas no ISLA permitiram-me experiências muito diversificadas. O facto, por exemplo, de ter sido Coordenadora do Programa Erasmus de 1991 a 2011 deu-me a oportunidade de contactar com universidades de diferentes países europeus, o que me permitiu uma abertura ao mundo que, de outro modo, dificilmente teria tido. Foi muito gratificante para mim observar a transformação que o período de mobilidade operou em todos os estudantes que o realizaram. Se a aprendizagem é sempre uma viagem que se inicia para um mundo novo, uma partida para alcançar um olhar diferente e mais profundo sobre a realidade, o Programa Erasmus demonstra, para além dessa vontade de partir, uma capacidade óbvia para ir ao encontro do outro nessa viagem que é, a todos os títulos, de louvar.
SSC: É curioso estar há tantos anos num estabelecimento de ensino superior e nunca aqui ter lecionado. A carreira académica não a atraiu?
MRBC: Embora tenha iniciado a minha vida profissional como docente de inglês no Ensino Secundário e, já a trabalhar no ISLA, tenha lecionado aulas de Português para Estrangeiros e duas disciplinas no âmbito do Secretariado, a verdade é que nunca me decidi pela docência. Já várias vezes me interroguei sobre as causas desta opção, tanto mais que sempre gostei muito de comunicar e de transmitir o que sei a todos os que me rodeiam, mas a verdade é que assim não aconteceu.
SSC: A sua imagem está e estará incontornavelmente associada à licenciatura em Secretariado e Comunicação Empresarial que coordenou durante quase 3 décadas. Assistiu e promoveu várias mudanças relacionadas com o curso, como a passagem deste de bacharelato a licenciatura. Este foi um marco importante para reforçar a empregabilidade dos estudantes?
MRBC: Embora o bacharelato e posteriormente a licenciatura tenham sido marcos importantes que não poderei esquecer, já que representaram o coroar de um conjunto de esforços que envolveu a colaboração de muitos, nomeadamente de ex-alunos de Secretariado que lutaram por esse objetivo, não creio que o grau académico, por si só, tenha reforçado a empregabilidade dos nossos estudantes e diplomados nas empresas privadas. O extraordinário desempenho de muitos dos profissionais de Secretariado que já se encontravam no mercado de trabalho desde os finais da década de 60, fazendo jus à boa formação que aqui tinham adquirido, contribuiu, isso sim, de uma forma decisiva para que o nome do ISLA se tivesse imposto nesta área do mercado como nenhum outro. Devo, no entanto, acrescentar que para os diplomados que exerciam, ou passaram a exercer a sua atividade na Função Pública, a obtenção do grau académico foi de extrema relevância, pois passou a possibilitar o acesso dos mesmos à carreira técnica superior.
SSC: As diversas reestruturações do plano de estudos têm procurado manter o curso ativo e preparar com qualidade e rigor os estudantes para o mercado de trabalho. Como foi evoluindo o plano de estudos ao longo destas três décadas? Contactou gestores e alumni?
MRBC: Para a mudança do plano de estudos do curso de bacharelato para o de licenciatura contei com o envolvimento de muitas pessoas a quem pedi colaboração, nomeadamente de gestores, de alumni e de docentes do ISLA de áreas científicas que pretendíamos incluir no elenco das disciplinas dos 4 anos do curso e que enriqueceriam os conhecimentos dos nossos alunos, tornando-os mais aptos a cumprir as tarefas que começavam, cada vez mais, a ser chamados a desempenhar nas empresas. Para além destes auxílios, procedi a um estudo aturado dos planos dos cursos congéneres em estabelecimentos de ensino europeus com os quais, já na altura, mantínhamos parcerias e, deste modo, se foi construindo o plano da licenciatura em Assessoria de Direcção, de 4 anos letivos, que viria a ser aprovado pelo Ministério da Educação, em 1993.
SSC: Sendo o secretariado e a assessoria uma profissão secular como explica o facto de hoje em dia esta profissão ainda ser alvo de tantos preconceitos e estereótipos?
MRBC: O facto de se poder aceder a esta profissão sem ter obtido previamente uma formação académica específica que permita o seu exercício concorreu para que se tivesse interiorizado a ideia de que qualquer pessoa, mesmo sem formação, poderia vir a desempenhá-la. Para se ser advogado, por exemplo, tem de se terminar a licenciatura em Direito e ainda obter aprovação no exame da Ordem dos Advogados. Embora na Função Pública trabalhem muitos profissionais de Secretariado, a categoria continua, inexplicavelmente, a não existir com essa denominação, à exceção dos Gabinetes Ministeriais e da Presidência da República, em que existe “Secretária Pessoal”. Podia continuar a dar-lhe vários exemplos de situações que, dado serem tão difusas, acabaram por, de alguma forma, contribuir para não se prestigiar esta função tanto quanto se devia.
Em 2013 como vê o futuro desta profissão?
MRBC: Considero que um profissional de Secretariado competente é alguém que todos os gestores e demais chefias procuram e que, quando encontram, não podem dispensar, pois cria-se entre eles uma cumplicidade e uma confiança que não é facilmente substituível. Para comprovar o que lhe acabo de dizer, repare no número de gestores que levam consigo os profissionais que os secretariam quando mudam de empresa, ou quando são chamados a desempenhar funções no governo, ou até em organismos internacionais. Os profissionais de Secretariado têm um enorme poder delegado e estão de posse de muita informação, sendo pessoas de grande valia na organização. Quando tive a meu cargo o “Serviço de Emprego” do Curso de Secretariado pude constatar, de uma forma muito clara, o que lhe estou a transmitir, pois acompanhei de perto os percursos dos profissionais de secretariado formados pelo ISLA e, não raro, ouvi os elogios que lhes eram prodigalizados pelos gestores, advogados e dirigentes políticos que secretariavam. Esse trabalho, que desenvolvi ao longo de mais de uma década, contribuiu para que tivesse a perceção da importância de que se revestem não só as competências técnicas, mas também as características pessoais e as chamadas soft skills para o cabal desempenho da função. Ontem, tal como hoje, estou completamente convicta da relevância da função, que se vai adaptando, como é natural, às transformações operadas nas empresas que exigem profissionais com novas valências e conhecimentos muito mais abrangentes.
SSC: Em 2011, com a aquisição do ISLA-Lisboa pelo Grupo Laureate International Universities, assumiu o cargo de Provedor do Estudante. O que faz exatamente o Provedor do Estudante?
MRBC: O Provedor do Estudante é um cargo relativamente recente, e por isso mesmo ainda pouco conhecido que foi criado, em 2007, pelo RJIES – Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior e que tem como principal função a defesa e a promoção dos direitos e dos interesses legítimos dos estudantes, gozando, no exercício das suas funções, de total autonomia relativamente aos restantes órgãos das instituições de ensino. Como o Provedor do Estudante não tem poder decisório, deverá agir como mediador e dirigir aos órgãos competentes as recomendações necessárias para prevenir ou reparar injustiças que possam ter ocorrido, no sentido de melhorar os procedimentos. Deve ser, por conseguinte, um observatório permanente das instituições de ensino.
8. SSC: Nestes dois anos, quais têm sido as suas principais preocupações no apoio e na defesa dos estudantes?
MRBC: Tenho procurado ouvir e entender as causas das reclamações que os estudantes me apresentam e as razões da sua insatisfação. Só me sinto compensada no meu trabalho se todos os que se me dirigem, incomodados com alguma situação, saírem do meu gabinete com a certeza de que as suas reivindicações serão devidamente tratadas e acompanhadas por mim. O diálogo que estabeleço com os estudantes proporciona-me uma reflexão sobre o problema apresentado que irá fundamentar a proposta que dirigirei, posteriormente, aos órgãos estatutariamente competentes para o resolver.
SSC: No dia 17 de abril foi homenageada pelos estudantes da licenciatura em Secretariado e Comunicação Empresarial. Como resume este momento?
MRBC: Foi algo de totalmente inesperado para mim. Deste modo, talvez não tenha conseguido exprimir por palavras o que senti ao ver o filme que os estudantes prepararam e o texto que elaboraram. Poderei resumir os sentimentos que esta homenagem em mim produziu em duas palavras: Emoção e Gratidão!
Tem o Curso Superior de Secretariado do ISLA. É licenciada em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras de Lisboa. Em 1997, completou o Mestrado em Estudos Anglo-Portugueses pela Universidade Nova de Lisboa.
É uma das pessoas mais respeitadas pelo Staff e pelo Faculty Staff. É a figura que defende e representa os estudantes junto da Direção e da Direção Académica.
Susana de Salazar Casanova: A sua carreira profissional tem sido desenvolvida no ISLA Campus Lisboa | Laureate International Universities. Foi Adjunta da Direção, Coordenadora da licenciatura em Secretariado a par de Coordenadora do Programa Erasmus. Como resume estes 32 anos de carreira?
MRBC: Foram anos muito enriquecedores. Os diversos cargos e responsabilidades que fui assumindo ao longo destas três décadas no ISLA permitiram-me experiências muito diversificadas. O facto, por exemplo, de ter sido Coordenadora do Programa Erasmus de 1991 a 2011 deu-me a oportunidade de contactar com universidades de diferentes países europeus, o que me permitiu uma abertura ao mundo que, de outro modo, dificilmente teria tido. Foi muito gratificante para mim observar a transformação que o período de mobilidade operou em todos os estudantes que o realizaram. Se a aprendizagem é sempre uma viagem que se inicia para um mundo novo, uma partida para alcançar um olhar diferente e mais profundo sobre a realidade, o Programa Erasmus demonstra, para além dessa vontade de partir, uma capacidade óbvia para ir ao encontro do outro nessa viagem que é, a todos os títulos, de louvar.
SSC: É curioso estar há tantos anos num estabelecimento de ensino superior e nunca aqui ter lecionado. A carreira académica não a atraiu?
MRBC: Embora tenha iniciado a minha vida profissional como docente de inglês no Ensino Secundário e, já a trabalhar no ISLA, tenha lecionado aulas de Português para Estrangeiros e duas disciplinas no âmbito do Secretariado, a verdade é que nunca me decidi pela docência. Já várias vezes me interroguei sobre as causas desta opção, tanto mais que sempre gostei muito de comunicar e de transmitir o que sei a todos os que me rodeiam, mas a verdade é que assim não aconteceu.
SSC: A sua imagem está e estará incontornavelmente associada à licenciatura em Secretariado e Comunicação Empresarial que coordenou durante quase 3 décadas. Assistiu e promoveu várias mudanças relacionadas com o curso, como a passagem deste de bacharelato a licenciatura. Este foi um marco importante para reforçar a empregabilidade dos estudantes?
MRBC: Embora o bacharelato e posteriormente a licenciatura tenham sido marcos importantes que não poderei esquecer, já que representaram o coroar de um conjunto de esforços que envolveu a colaboração de muitos, nomeadamente de ex-alunos de Secretariado que lutaram por esse objetivo, não creio que o grau académico, por si só, tenha reforçado a empregabilidade dos nossos estudantes e diplomados nas empresas privadas. O extraordinário desempenho de muitos dos profissionais de Secretariado que já se encontravam no mercado de trabalho desde os finais da década de 60, fazendo jus à boa formação que aqui tinham adquirido, contribuiu, isso sim, de uma forma decisiva para que o nome do ISLA se tivesse imposto nesta área do mercado como nenhum outro. Devo, no entanto, acrescentar que para os diplomados que exerciam, ou passaram a exercer a sua atividade na Função Pública, a obtenção do grau académico foi de extrema relevância, pois passou a possibilitar o acesso dos mesmos à carreira técnica superior.
SSC: As diversas reestruturações do plano de estudos têm procurado manter o curso ativo e preparar com qualidade e rigor os estudantes para o mercado de trabalho. Como foi evoluindo o plano de estudos ao longo destas três décadas? Contactou gestores e alumni?
MRBC: Para a mudança do plano de estudos do curso de bacharelato para o de licenciatura contei com o envolvimento de muitas pessoas a quem pedi colaboração, nomeadamente de gestores, de alumni e de docentes do ISLA de áreas científicas que pretendíamos incluir no elenco das disciplinas dos 4 anos do curso e que enriqueceriam os conhecimentos dos nossos alunos, tornando-os mais aptos a cumprir as tarefas que começavam, cada vez mais, a ser chamados a desempenhar nas empresas. Para além destes auxílios, procedi a um estudo aturado dos planos dos cursos congéneres em estabelecimentos de ensino europeus com os quais, já na altura, mantínhamos parcerias e, deste modo, se foi construindo o plano da licenciatura em Assessoria de Direcção, de 4 anos letivos, que viria a ser aprovado pelo Ministério da Educação, em 1993.
SSC: Sendo o secretariado e a assessoria uma profissão secular como explica o facto de hoje em dia esta profissão ainda ser alvo de tantos preconceitos e estereótipos?
MRBC: O facto de se poder aceder a esta profissão sem ter obtido previamente uma formação académica específica que permita o seu exercício concorreu para que se tivesse interiorizado a ideia de que qualquer pessoa, mesmo sem formação, poderia vir a desempenhá-la. Para se ser advogado, por exemplo, tem de se terminar a licenciatura em Direito e ainda obter aprovação no exame da Ordem dos Advogados. Embora na Função Pública trabalhem muitos profissionais de Secretariado, a categoria continua, inexplicavelmente, a não existir com essa denominação, à exceção dos Gabinetes Ministeriais e da Presidência da República, em que existe “Secretária Pessoal”. Podia continuar a dar-lhe vários exemplos de situações que, dado serem tão difusas, acabaram por, de alguma forma, contribuir para não se prestigiar esta função tanto quanto se devia.
Em 2013 como vê o futuro desta profissão?
MRBC: Considero que um profissional de Secretariado competente é alguém que todos os gestores e demais chefias procuram e que, quando encontram, não podem dispensar, pois cria-se entre eles uma cumplicidade e uma confiança que não é facilmente substituível. Para comprovar o que lhe acabo de dizer, repare no número de gestores que levam consigo os profissionais que os secretariam quando mudam de empresa, ou quando são chamados a desempenhar funções no governo, ou até em organismos internacionais. Os profissionais de Secretariado têm um enorme poder delegado e estão de posse de muita informação, sendo pessoas de grande valia na organização. Quando tive a meu cargo o “Serviço de Emprego” do Curso de Secretariado pude constatar, de uma forma muito clara, o que lhe estou a transmitir, pois acompanhei de perto os percursos dos profissionais de secretariado formados pelo ISLA e, não raro, ouvi os elogios que lhes eram prodigalizados pelos gestores, advogados e dirigentes políticos que secretariavam. Esse trabalho, que desenvolvi ao longo de mais de uma década, contribuiu para que tivesse a perceção da importância de que se revestem não só as competências técnicas, mas também as características pessoais e as chamadas soft skills para o cabal desempenho da função. Ontem, tal como hoje, estou completamente convicta da relevância da função, que se vai adaptando, como é natural, às transformações operadas nas empresas que exigem profissionais com novas valências e conhecimentos muito mais abrangentes.
SSC: Em 2011, com a aquisição do ISLA-Lisboa pelo Grupo Laureate International Universities, assumiu o cargo de Provedor do Estudante. O que faz exatamente o Provedor do Estudante?
MRBC: O Provedor do Estudante é um cargo relativamente recente, e por isso mesmo ainda pouco conhecido que foi criado, em 2007, pelo RJIES – Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior e que tem como principal função a defesa e a promoção dos direitos e dos interesses legítimos dos estudantes, gozando, no exercício das suas funções, de total autonomia relativamente aos restantes órgãos das instituições de ensino. Como o Provedor do Estudante não tem poder decisório, deverá agir como mediador e dirigir aos órgãos competentes as recomendações necessárias para prevenir ou reparar injustiças que possam ter ocorrido, no sentido de melhorar os procedimentos. Deve ser, por conseguinte, um observatório permanente das instituições de ensino.
8. SSC: Nestes dois anos, quais têm sido as suas principais preocupações no apoio e na defesa dos estudantes?
MRBC: Tenho procurado ouvir e entender as causas das reclamações que os estudantes me apresentam e as razões da sua insatisfação. Só me sinto compensada no meu trabalho se todos os que se me dirigem, incomodados com alguma situação, saírem do meu gabinete com a certeza de que as suas reivindicações serão devidamente tratadas e acompanhadas por mim. O diálogo que estabeleço com os estudantes proporciona-me uma reflexão sobre o problema apresentado que irá fundamentar a proposta que dirigirei, posteriormente, aos órgãos estatutariamente competentes para o resolver.
SSC: No dia 17 de abril foi homenageada pelos estudantes da licenciatura em Secretariado e Comunicação Empresarial. Como resume este momento?
MRBC: Foi algo de totalmente inesperado para mim. Deste modo, talvez não tenha conseguido exprimir por palavras o que senti ao ver o filme que os estudantes prepararam e o texto que elaboraram. Poderei resumir os sentimentos que esta homenagem em mim produziu em duas palavras: Emoção e Gratidão!
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