Os parênteses, tal como o travessão ou a vírgula, servem para introduzir no texto elementos não fundamentais, ou apenas informativos, não alterando o sentido da frase ou do texto. Exemplo: “Eles passeavam pela praia (que estava deserta) de mãos dadas.”
As reticências têm como objetivo, por exemplo, permitir ao leitor perceber que algo ficou por dizer, suspenso no ar, provocando uma quebra na melodia, como se a pessoa tivesse sido subitamente interrompida por outra pessoa ou por um acontecimento: “Eu sei que era difícil, mas…” Podem também ser utilizadas de forma a omitir palavras ou para suspender o final de uma frase conhecida pelo interlocutor: “Mais vale um pássaro na mão…”
Quanto às aspas, existem três tipos diferentes: as aspas francesas (« »), as aspas inglesas (“ ”) e as aspas simples (‘ ’) . Embora o tipo de aspas a utilizar seja facultativo, são obrigatórias quando estamos a fazer uma citação ou uma transcrição. Há que ser coerente e utilizar o mesmo tipo de aspas para a mesma função ao longo de todo o texto: “O Eduardo disse: ‘Não sei o que me levou a escolher um tema tão complicado, mas depois já era tarde demais para mudar.’”
Por fim, temos a vírgula, que foi propositadamente guardada para este momento por ser dos elementos que mais influenciam o sentido e o significado de um texto. Mas antes de se explicar o porquê desta afirmação, façamos como anteriormente e expliquemos as suas funções. A vírgula é, tal como o ponto, utilizada para se efetuar uma pausa no texto, embora mais curta. Serve ainda para separar elementos de uma oração, para separar orações, ou ainda para introduzir no texto alguma informação adicional que em nada altere o sentido ou o significado da frase, mas que o autor acha necessário referir.
Existem vírgulas obrigatórias, que têm que aparecer exatamente naquele sítio da frase. E também existem as facultativas. Mas porque é importante uma correta utilização da vírgula? As vírgulas podem fazer toda a diferença na interpretação do sentido de uma oração. Assim, uma vírgula, ou a sua ausência, podem*:
Provocar uma pausa.
Não espere.
Não, espere.
Fazer desaparecer o nosso dinheiro.
23,40 €
2,340 €
Criar heróis.
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.
Ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.
Mudar uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.
Condenar ou salvar.
Não tenha clemência.
Não, tenha clemência.
Durante os anos da ditadura de Salazar, havia censura. No pensamento, na escrita, no que se podia dizer, no que se podia fazer. Praticamente tudo era controlado e inspecionado por uma polícia especial, criada para esse mesmo efeito, de seu nome PIDE – Policia Internacional e de Defesa do Estado. Reza a lenda que, certo dia, aquando de uma das suas patrulhas, a polícia encontrou um homem a escrever, com tinta vermelha, numa parede. E a frase que se podia ler era: “Salazar pode morrer não faz falta à nação”. Imediatamente, os agentes agarraram no homem para o prenderem, alegando que estava a falar mal do Presidente do Conselho, coisa que dava direito a ser preso. Foi então que o homem jogou a sua cartada, numa tentativa de se safar à prisão, dizendo que ainda não tinha terminado a frase, mais concretamente, ainda não tinha colocado a pontuação. Os agentes ao olharem para a parede, constatam que de facto, a frase não estava pontuada, largando o homem e pedindo-lhe para terminar o que tinha começado. E o homem fez a seguinte pontuação: “Salazar pode morrer? Não! Faz falta à nação.” Este é um claro exemplo de como a pontuação é importante e como influencia o sentido que queremos dar a uma frase.
Como podemos concluir, a pontuação assume um papel importantíssimo quando estamos a desenvolver um texto, influenciando a sua forma, o sentido, a entoação, a melodia. Poderemos dizer até, em termos de comparação, que a pontuação corresponde aos movimentos da batuta de um maestro ou maestrina: efetuados no momento certo, proporcionam ao ouvinte (neste caso ao leitor) uma consciência concreta da mensagem que se quer passar.
* Exemplos retirados, nomeadamente, do seguinte vídeo, da Associação Brasileira de Imprensa.
Eduardo Excelente Pinto (Estudante do 2.º ano da licenciatura em Marketing, Publicidade e Relações Públicas)
Sempre que considerado oportuno, serão publicados textos de estudantes de outros cursos da Universidade Europeia com relevância para a área de Assessoria, Secretariado e Comunicação Empresarial.