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segunda-feira, 12 de outubro de 2015

E agora...?



De segunda a sexta-feira, o José, chamemos-lhe assim, levanta-se todos os dias à mesma hora. Despede-se da mulher com o mesmo beijo, apanha o mesmo transporte. Regressa ao final do dia, depois de um dia inteiro fora de casa. A família está extremamente satisfeita porque, ao contrário do que aconteceu durante anos, passou a chegar a horas de jantar com eles. Sim, o José deixou de fazer horas extraordinárias. Talvez porque tenha perdido o seu emprego. O José não o contou à família. Não teve coragem.



Perder o emprego é um evento traumático. Quem passa por esta situação sente-se isolado, humilhado, culpado. Culpado porque foi (o) escolhido. Humilhado porque o papel de contribuidor para o orçamento familiar lhe foi revogado e perdeu a convicção de ser útil à Sociedade. Isolado porque, apesar das percentagens e dos números esmagadores, é uma minoria sem voz e sem peso político e social. Ainda que seja  um acontecimento cada vez mais recorrente e amplamente divulgado pelos media, não raramente o desempregado é olhado como alguém que falhou, que não é suficientemente bom, um peso para o Estado e para a Sociedade.



A percentagem de desempregados, de todas as idades, em todos os ramos profissionais, nos mais variados níveis e hierarquias, prova, à saciedade, que a imagem de desempregado-logo-incompetente é um erro colossal de avaliação. A bolsa de conhecimentos, de saberes e de experiência detida nos ficheiros dos Centros de Emprego é de tal forma valiosa que é quase uma atitude criminosa o seu desaproveitamento. Mas é isso que acontece. Por isso, à pergunta “E agora...?” têm aparecido múltiplas respostas de pessoas que passam/passaram por este percalço, até por mais de uma vez, criando as suas próprias oportunidades de emprego, isoladamente ou agrupadas em associações ou empresas, provando que uma crise pode ser o despoletar da descoberta de interesses e capacidades que de outra forma permaneceriam ocultas e/ou desaproveitadas.



O sucesso de iniciativas como as atrás descritas não é garantido e pode até nem ser permanente. O que é já em si uma vitória é a recusa de se deixar ser reduzido àquele momento, àquela situação. Não podemos perder de vista que todos nós carregamos, connosco, um potencial de Capital Humano que fará toda a diferença no que decidirmos fazer do nosso Presente e do nosso Futuro.



Mariana Pereira (Estudante do 2.º ano)

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