Reestruturação. Deslocalização. Falência. Fusão. O
que é que todos estes termos têm em comum, além de se referirem a fases pelas
quais muitas empresas, sobretudo na atual economia, passaram/passam? Cartas de
despedimento. Ao longo da minha carreira já recebi algumas. Numa sociedade em
que, cada vez mais, somos o que fazemos, perder um emprego é perder mais do que
o nosso sustento, é perder a nossa identidade.
Olhamos para os que perderam os seus empregos como
aqueles que falharam. Podemos não o dizer abertamente mas, lá no fundo, é nisso
que acreditamos. É esse estigma que é necessário eliminar. E isso começa dentro
de nós próprios, dos que temos emprego e dos que o não têm.
Deixem-me partilhar o que aprendi quando, também
eu, perdi o meu:
- Não pensemos em nós como vítimas. A vitimização torna-nos agentes passivos, um mero joguete de um destino cego e vingativo.
- Ficámos com demasiado tempo livre entre mãos? Usemo-lo de forma útil. Há inúmeras instituições de solidariedade social que necessitam desesperadamente de apoio para desenvolver o seu trabalho aos mais diversos níveis. Ajudarmos os outros aumentará a nossa autoestima.
- Aproveitemos para estar mais com a família.
- Fazer exercício físico, ir à biblioteca local e ler novos livros é gratuito e é uma forma de ter, como diziam os romanos, Mens Sana in Corpore Sano (Mente Sã em Corpo São).
- A realidade do mundo do trabalho altera-se a uma velocidade vertiginosa e é fácil ficar desfasado ao fim de alguns meses de afastamento da prática diária. A inscrição em grupos profissionais na Internet (o Linkedin é uma boa opção) permite a participação ativa em debates e a pesquisa sobre novas correntes ou recentes inovações.
Por fim, aproveitemos para nos repensarmos. Quando
as horas são devoradas pelo trabalho, deslocações e apoio à família, há partes
de nós que acabam por ficar esquecidas ou suprimidas. Esta é a nossa
oportunidade para refletir sobre os caminhos e opções feitos. Tentemos recordar
quais eram os nossos sonhos quando iniciámos a nossa carreira. E perseveremos.
Está nas nossas mãos tornar este momento da nossa vida em mais um que poderemos
usar para continuar a crescer e a tornarmo-nos pessoas melhores, como
profissionais e como seres humanos. Devemo-lo a nós próprios.
Mariana Pereira (Estudante do 2.º ano)
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