Parece existir um fundamento emocional nas grandes decisões da nossa vida, ainda que, por insegurança ou para nos justificarmos, perante os outros ou nós mesmos, depois se reflita sobre os prós e contras e se estimem possíveis consequências.
Se a premissa racional de uma decisão contrariar a emocional, além de se perder autenticidade, criar-se-á uma dissociação na pessoa, que dificilmente assim sentirá motivação e orgulho nas suas ações, já que não se identificará com elas. Contudo, poderão surgir situações em que sejam tomadas decisões estratégicas, de essência racional - mas se estas espartilharem o sujeito, se este não identificar vantagens reais, provocarão um conflito interno.
As emoções positivas, como o otimismo e a confiança, potenciam o nosso desempenho, motivando-nos para fazer mais e melhor, e levando a que não encaremos com dramatismo os revezes da sorte. Ainda assim, muitas pessoas destilam intencionalmente sentimentos negativos nos outros, como a insegurança e a inveja, promovendo ambientes de tensão e de conflito – como diz o ditado: “dividir para reinar”. O que, em regra, suscita este tipo de atitude é o receio da perda de poder, de que a autoridade seja questionada, de que um subordinado conquiste mais visibilidade do que uma chefia, substituindo-se então o respeito pelo medo, sem qualquer perceção dos elevados custos que daí decorrem.
O respeito conquista-se e não implica, necessariamente, reverência – as chefias que precisam de deferência submissa ou de veneração atrofiam a sua equipa, cujos elementos, para sobreviver, concorrem entre si, desviando-se dos objetivos organizacionais. Em períodos de crise, em que é preciso apelar à colaboração de todos, muitas vezes com grandes sacrifícios, este tipo de postura negativa destrói a disponibilidade, a criatividade e a vontade de cooperação. E, à menor oportunidade de um tratamento mais equitativo ou de um ambiente mais saudável, as pessoas capazes optam por sair (às vezes até com um decréscimo nos rendimentos) destas organizações tóxicas, que perdem assim o seu maior ativo: os colaboradores talentosos.
Hoje em dia é impossível alguém saber de tudo e, para que as empresas consigam crescer e manter-se competitivas, têm que acolher construtivamente os contributos de todos, premiando desempenhos excecionais, quaisquer que sejam os níveis hierárquicos das pessoas que os exibem.
Um verdadeiro líder é aquele que consegue inspirar as pessoas à sua volta, desafiando-as para comportamentos extraordinários, sobretudo nos momentos difíceis.
Maria João Borges
Docente das UC de Práticas de Secretariado e Assessoria