Quando em 2010 iniciei funções
como Personal Assistant num banco internacional, deparei-me com diversos
desafios, que mais ou menos confiante, resolvi enfrentar:
- trabalhar num banco internacional
de renome;
- trabalhar como secretária de
alta direção;
- trabalhar com o Presidente;
- utilizar o inglês como idioma
principal.
Era a primeira vez que trabalhava
a este nível e numa empresa de grande dimensão multinacional e num misto de receio,
disposição para aprender e confiança nas minhas capacidades, fui progredindo e
desempenhando a função com entusiasmo e profissionalismo. Um dos conselhos do próprio Presidente:
“quando não souber pergunte”.
Uma das coisas em que pensei
quando entrei no banco foi nas oportunidades de mobilidade que poderiam surgir,
não só internamente, mas também a nível internacional. A verdade é que as oportunidades
internas acabaram por não surgir, mas pouco a pouco, surgiram outras.
Surgiu a possibilidade de poder
fazer uma pós-graduação em Imagem, Protocolo e Organização de Eventos e pouco
tempo depois surge a possibilidade de vir para Madrid substituir uma colega, a
Personal Assistant do Presidente em Espanha, em licença de maternidade.
Para além do meu desempenho
profissional e das provas que já tinha dado nos últimos 3 anos, um dos fatores
determinantes para me ter sido oferecida esta oportunidade foi o domínio do
espanhol. Em 2006 tinha frequentado um curso de espanhol e na altura não
tinha qualquer utilidade a nível profissional, no entanto, aquilo que semeamos
hoje, poderá vir a dar frutos algum tempo depois.
Em Madrid, tornou-se fundamental
o apoio do Presidente e da sua Personal Assistant, que iria estar 6 meses de
licença de maternidade, para o reconhecimento e o acolhimento das equipas com
as quais ia trabalhar.
Chegava a um sítio novo, a um
espaço novo, que eu tinha de dominar rapidamente, com pessoas novas, com as
quais tinha de me relacionar e empatizar rapidamente, para poder dar o apoio
adequado ao Presidente. Mais do que o trabalho, mais do
que as funções, semelhantes às que desempenhava, o grande desafio era mover-me
neste novo meio como o fazia em Lisboa.
E mais uma vez ressoa “quando não
souber pergunte” e torna-se muito importante ter a humildade de pedir ajuda
sempre e quando não sabemos, sempre e quando não temos a certeza.
Em termos profissionais estar
deslocada permitiu-me trabalhar num ambiente culturalmente distinto, melhorar
um idioma, melhorar as minhas capacidades e valorizar o meu curriculum com uma experiência
internacional. Em termos pessoais estar
deslocada é igualmente um desafio. Longe da nossa família, dos nossos amigos,
dos nossos lugares, das nossas rotinas, é importante definir novas rotinas,
escolher novos lugares, criar laços e novos amigos.
Conhecer e aproveitar a cidade
num misto de turista-residente é fundamental. E quando nos abordam na rua para
pedir indicações é sinal de que já somos mais residentes que turistas.
Procurar atividades, conhecer
pessoas que nos impeçam de nos deixarmos levar pela rotina casa-trabalho-casa,
porque também é muito facil de acontecer.
Esta oportunidade surgiu numa
altura em que não estava nos meus planos enveredar por uma experiência
internacional, mas hoje, prestes a voltar a Lisboa, penso e se agora tentasse
outro país?
Vera Borda de Água